quarta-feira, 20 de junho de 2007

Bem que a Xuxa dizia

Já dizia um cara que eu acho massa que se a gente vive a sonhar com alguém que se deseja rever, saudade assim é ruim.
Ando com saudade de uma época.
Em que as tardes duravam uma eternidade.
Amar era fácil então. Era só olhar no olho e dizer: 'que bom que te encontrei'.
As amizades eram mais amenas. A gente dançava Ivete e tomava cachaça na tampinha.
Sim, nós fofocávamos da vida de todo mundo mas, na verdade, a gente fazia isso só pra ter horas e mais horas de conversa.
Maldade de verdade não tinha.
A única preocupação era se o garçom iria trazer uma quantidade de katchup considerável pra gente mergulhar a coxinha dentro. Pior que ele nunca trazia.
O dia tinha muitas cores. No começo era bem branco. Leite, nuvem, onda quebrando na areia.
Depois era lilás. Cor de açaí. Cor de banana com cor de leite moça. E o gosto era mesmo gelado. Tinha cor de granola também. E cor de língua roxa.
Tinha cor de beijo. Cor de verde.
Uma camisa sempre verde.
Além de cores tinha sons. Uns britânicos.
E uns nacionais também.
Uma reboladinha e uma risada. E lá se ia passando o dia sem a gente nem perceber que era vida. Porque a vida, quando ela é de verdade, é dificil de viver.
Mas alí não era de verdade. Conto de fada perdia feio. Conto de fada acaba no felizes para sempre.
Aquilo ainda não acabou. É meu padão. Meu norte. É onde eu quero estar. Respirar leve e pensar que doença não me derruba, que dinheiro não é problema. Vai ter sempre uma amiga que saca de remédio e um pastel grande e barato na esquina. Tem acarajé no longe perto e coquinha de 50 centavos. 50 centavos!
O que ainda se compra com 50 centavos?
Coquinha.
Quente, é verdade. Mas 50 centavos é 50 cetavos.
Agora me lembrei. Cerveja a menos de 2 reais!!
Que época era essa?!?!?!?
Uma que eu andava de balsa olhando um rio, enquanto um amor antigo fotografava o momento em que eu estava a pensar se ele duraria pra sempre.
A gente fritava cebola porque a despeito de todos os planos, resolvemos ficar mais tempo na casa de praia só por ficar. Não tinha comida. Tinha cebola, batata e ovo.
Hum!!!
Toc, toc. E alguém bate na porta.
Namorávamos baixinho porque o teto não tinha forro. Psiu!
Me desculpem o eufemismo ridículo mas é que tanta saudade exige um que de fofo quando se escreve.
Pra não estragar.
Pra ser doce que nem a Xuxa dizia q a vida era.

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